9 de novembro de 2014

"O nosso projeto é que, com o passar do tempo, se integrem o curso presencial e a distância juntos"

Por Johan Pedro

Com a expansão da internet no país, os cursos a distância estão cada vez mais em foco, pela possibilidade de estudar em casa, fazendo os próprios horários e com custo menor comparado aos cursos presenciais. Para o coordenador do curso de Educação Física a distância, Ari Lazzarotti, o "grande desafio é integrar o curso presencial com o curso a distância".

O Professor Ari Lazzarotti Filho é formado em Educação Física, com doutorado pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), e autor do projeto pedagógico do curso de licenciatura em Educação Física na modalidade a distância (EAD) e também coordenador do curso há dois anos. O curso é vinculado à Universidade Aberta do Brasil (UAB) e faz parte dos cursos oferecidos pela Faculdade de Educação Física e Dança (FEFD) da UFG. 

Johan Pedro: Professor Ari, quando o senhor começou a trabalhar com o ensino a distância?

Ari Lazzarotti: Comecei trabalhando com mídias, com tecnologia, foi onde entrei mais próximo à educação a distância. Então, comecei trabalhando com a integração das mídias digitais no ensino, e aí, logo em seguida entraram as plataformas como o AVAS, que significa Ambientes Virtuais de Aprendizagem, e comecei a integrá-las em disciplinas que eu desenvolvia aqui na faculdade. Isso foi a partir de 2003, 2004.

JP: Qual sua opinião sobre as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação na educação?

AL: Eu acredito e tenho trabalhado no sentido de integrar as mídias digitais nos processos pedagógicos de ensino. Hoje, aquele modelo tradicional de educação veiculado e desenvolvido com uma única forma de método de aprendizagem, que é a expositiva, precisa avançar e integrar essas tecnologias, não para substituir as anteriores, mas para qualificar esse trabalho do professor. Os nossos alunos já são os ditos "nativos digitais", eles já vêm com uma outra ideia, com outro processo de aprendizagem, com outra lógica inclusive no aprendizado, e, uma delas, que dinamiza, facilita e orienta, é a integração das mídias digitais na educação convencional, nos cursos presenciais. 

JP: Qual perfil do aluno que ingressa no curso a distância? 

AL: Nós temos uma pesquisa que acabamos de finalizar que responde qual o perfil deles. Em primeiro lugar, 52% são mulheres, o que é um perfil da Educação a Distância. A idade média deles é de 35 anos e a maioria é de uma faixa etária acima de 35 anos. Nós temos alunos com 68 anos. Eles moram a uma distância média de 35 a 40 quilômetros dos pólos (nós trabalhamos com nove pólos). A maioria não mora na cidade dos pólos, mas em cidades vizinhas distantes, em média, 35 a 40 quilômetros. Outra característica deles é que a grande maioria tem família tem emprego fixo, são casados e com filho. 

JP: O que o curso de Licenciatura em Educação Física a distância tem como mais importante?

AL: A Mediação Tecnológica e a Mediação Pedagógica, de pessoas, que não é mais uma mediação única, mas uma mediação coletiva, através de um professor coletivo e de um grupo que está junto. Então as dúvidas deles nem sempre são respondidas pelo professor, muitas dúvidas são respondidas pelos colegas, porque é uma característica da mediação. Então, em alguns ambientes mediados por tecnologia, eles estão discutindo assuntos, tirando dúvidas, e as dúvidas são sanadas por essa equipe contratada para fazer essa mediação e também pelos colegas que estão no mesmo processo.

JP: Educação Física é um curso que, tradicionalmente, exige a prática corporal. Como o curso a distância rompe a barreira virtual nesse sentido?

AL: Esse foi o grande problema que nós tivemos inicialmente e era nossa dúvida, se teríamos possibilidade, pela nossa especificidade, de trabalhar na modalidade a distância. Porque a prática corporal é uma condição da nossa existência. Então, não existe hoje, no que nós chamamos na cultura cultural, o ensino sem saber fazer. Você não aprende o jogo sem jogar o jogo. É até possível aprender, mas, no nosso caso, ele está junto, a prática é uma condição da própria formação. É o que nós chamamos de experiência, experimentação, experienciação. 

Mas isso ainda não é algo comum. No mundo todo, praticamente não existe educação Física a distância. Existe no Brasil, e pouco; até o ano passado, eram apenas 12 cursos. 

A construção do curso a distância foi um desafio para nós e tentamos resolver o problema construindo mídias digitais que apresentassem uma possibilidade dessa experimentação. Nós desenvolvemos mais encontros presenciais, com oficinas e aulas que eles pudessem experimentar isso que nós chamamos de experiências das práticas corporais. Foi uma das formas que encontramos para, digamos assim, garantir um pouco da nossa especifidade sem perder a qualidade. Isso aumentou o custo do próprio curso, porque um encontro presencial exige toda uma estrutura, e trazemos todo semestre os estudantes para trabalhar aqui na nossa faculdade, em função da estrutura que nós temos aqui.

JP: Com a expansão dos cursos a distância, quais os desafios e projetos para o futuro da graduação em Educação Física? 

AL: O nosso grande desafio é integrar o curso presencial com o curso a distância. Isso foi um dos objetivos de quando nós criamos esse curso, nós não queríamos ter dois cursos separados, tanto que as disciplinas são as mesmas, os professores são os mesmos. O nosso projeto é que, com o passar do tempo, se integre o conteúdo, disciplinas, professores e alunos trabalhando presencial e a distância juntos. Nosso desafio continua sendo avançar nesse processo de integração.

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