12 de novembro de 2014

A vida e as dificuldades de uma estudante na cidade de Goiás

Por Rafael Tomasseti

Letícia Caroline Ordones Ferraz é aluna do 10° período curso de Direito da UFG regional Cidade de Goiás. Mora atualmente na cidade de Itaguari. Portanto, tem que se deslocar todos os dias para da cidade de Goiás para poder estudar. Letícia concedeu entrevista contando-nos um pouco sobre sua rotina e suas impressões sobre a regional na qual estuda.

Rafael Tomasseti: O que você acha que deve melhorar do seu curso ?

Letícia Ferraz: O curso de direito, diferente da maioria, possui dez períodos, o que, na prática, realmente faz diferença quanto ao aprendizado, pois temos mais tempo e, consequentemente, mais matérias. O problema é que temos professores focados em OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], outros em concursos e outros nada focados. Com isso, muitos alunos ficam perdidos, já que, dependendo do seu interesse, alguns métodos de ensino não serão suficientemente vantajosos. Eu ,em particular, acho que o ensino deveria ser voltado para o aprendizado em si, não apenas na dogmática, o que já temos o suficiente, mas também para a prática, já que nosso estágio é insuficiente apenas com quatro visitas por período. Em resumo, acho que ver o que realmente interessa a todos e um pouco mais de compromisso com o curso em si.

RT: Você considera que estrutura do campus da cidade de Goiás fornece tudo que é essencial para os cursos e os alunos ?

LF: Não mesmo! Mas já esteve pior. Hoje, vemos um maior empenho para conseguir recursos para o campus. Quando foi construído, era apenas extensão e o curso de direito. Hoje, abrange: direito, serviço social, filosofia, administração e outro lá que não sei bem. Bem, o direito tem suas próprias salas, apesar de antigas. Temos ar e data show em todas as salas e uma delas é usada pra secretaria do curso de serviço social. Foi construído um prédio novo pra filosofia, com salas minúsculas e sem ar condicionado. Mas como são poucas as turmas de filosofia e o serviço social ficava em um depósito, que foi dividido em salas, se organizou o serviço social no prédio da filosofia. Os núcleos de direito foram alocados no prédio do serviço social e o curso de filosofia em um colégio a uns dois quilômetros da faculdade. Ou seja, eles não estudam na UFG . Os alunos de administração estão tranquilos, ficam no prédio do serviço social (que anteriormente era da filosofia), afinal são matutinos. A biblioteca mal atende o direito, imagine os outros cursos. Mas há uma nova em construção. O prazo para o término é daqui a 200 dias, mas francamente duvido que fique pronta. Não existe casa do estudante e sequer o projeto de uma. Achar casa em Goiás, perto da faculdade, é um desafio. Quando se encontra, são absurdamente caras. Restaurante Universitário ? Sim, temos. Se chama ''Tiazinha do Lanche''. É muito legal na verdade e R$ 3 o custo do salgado. E olhe lá, se quiser jantinha, é a partir de R$ 5.

RT: Como estão as obras do restaurante universitário ?

LF: O RU esta sendo ,demoradamente, construído, assim como a biblioteca. As obras estão muito lentas e fora do prazo estipulado. Mas ,quem sabe, um dia tenhamos um "RUzinho" pra chamar de nosso.

RT: Quais são as maiores dificuldades que você encontrou para começar seu curso ? E quais são os maiores percalços encontrados pelos alunos que moram em outras cidades e precisam viajar para o campus todos os dias ?

LF: Minha maior dificuldade foi mesmo o deslocamento. Viajar de uma a quatro horas para chegar na faculdade e não ter aula. Ninguém merece! Mas hoje, depois do whatsapp e facebook, ficou mais fácil para os professores. Eles avisam quase sempre quando não teremos aula. O ônibus que vem de Mozarlândia viaja quatro horas até o campus. Não é fácil. Mas, de qualquer forma, a cidade não oferece moradia nem emprego para todos se mudarem para Goiás. Então, a única solução é viajar todos os dias. Enfrentamos de tudo: ônibus estragados, pneus furados, pára-brisas estourados, motoristas imprudentes, acidentes fechando vias, duplicações impedindo a passagem, reformas de asfalto atrasando a viagem, chuva, sol (horário de verão) e daí por diante.

RT: O que você tem a dizer sobre a assistência da universidade aos estudantes com bolsas como: moradia, alimentação e permanência ?

LF: As bolsas existem, mas a concorrência é forte. Elas são muito poucas para todo campus. Para aumentar o números de contemplados, quem receber uma não recebe outra. Então, o máximo que você pode receber são R$ 500,00. Não é sequer um salário mínimo. Mesmo o estudante sabendo fazer milagres com moedinhas não consegue sobreviver com isso nem morando fora. Tampouco morando na cidade.

RT: Quais as vantagens de estudar no campus de Goiás?

LF: Eu ,particularmente, amo a cidade de Goiás. Lá é cheio de gente de todos os lugares do mundo. Pessoas diferentes e receptivas. Que te falam um ''oi'' a cada esquina. Então, a faculdade tem isso também. Não como regra, mas possui, sim. Claro que tem as pessoas de classe média alta. Mas sempre terá um cabelo doido sentado no chão lendo algum filósofo utópico , escutando um rock , pronto para te cumprimentar e perguntar se você quer bater um papo. Bem diferente de Goiânia, acho que o tamanho reduzido proporciona uma maior chance de se fazer muitas amizades. Não apenas colegas. Isso porque, ou você divide o banco de ônibus por horas, ou acaba dividindo casa com gente que nem imaginou conhecer. (Agência de Notícias UFG)

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