11 de novembro de 2014

“Nunca tive aquele amor forte por matemática e, para seguir até o fim, tem que ter muito amor”

Por João Paulo Dias

Essa entrevista foi realizada com o estudante João Pedro Albernaz, de 19 anos, que foi aluno do Instituto de Matemática (IME-UFG) por dois períodos (entre os anos de 2013 e 2014) e acabou optando por abrir mão do curso, para seguir seus estudos em outra área. João Pedro agora é estudante de Engenharia Elétrica em outra instituição de ensino. Na entrevista, ele respondeu perguntas sobre as dificuldades que encontrou no IME-UFG, os motivos que o fizeram desistir do curso de Matemática e também deixou sua impressão sobre a atual situação do mercado de trabalho para o matemático.

João Paulo Dias: Como você avalia o desempenho dos professores do IME-UFG?

João Pedro Albernaz: A didática é muito diferente daquela que temos no ensino médio. Os professores não estão tão preocupados em prender a atenção do aluno, dão a aula e pronto. É inegável que todos os professores do IME são muito qualificados, afinal, a maioria possui mestrado ou doutorado. Mas eu sentia que somente dois estavam de fato interessados em dar aula.

JPD: Como você avalia a atual situação do mercado de trabalho para um profissional recém-formado em matemática?

JPA: Vejo o mercado comercial para a matemática pura no Brasil como uma área fraca. A única alternativa de trabalho que vejo para quem tem a formação em matemática nos dias de hoje é seguir a carreira acadêmica ou, se for para o comercial, dar aula em ensino médio ou ensino fundamental. Mas o problema de lecionar é que, às vezes, trabalha-se muito, o salário não corresponde e tem muito estresse envolvido nas relações entre professor e alunos. É complicado para o psicológico.

JPD: O fato de você enxergar o mercado comercial para a matemática no Brasil como uma área fraca foi o único fator que te fez optar por não concluir o curso? Ou existem outros motivos? 

JPA: Na verdade, o primeiro motivo foi um fator pessoal. Nunca tive aquele amor forte por matemática e, para seguir até o fim, tem que ter muito amor. Como eu fazia o curso de engenharia ao mesmo tempo, com o passar dos dias fui percebendo que minha área de fato é a engenharia. E nem é aquela engenharia de papel, gosto mesmo de realizar, construir e ver funcionando, acredito que sou aquele engenheiro mais técnico. E o segundo motivo que me fez desistir da matemática foi, sim, a desmotivação pelo curso e a falta de perspectiva total para o futuro. Na verdade, eu tinha medo daquela sensação de ter que lutar muito para no final não virar nada. (Agência de Notícias UFG)

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