18 de novembro de 2014

Física aplicada no tratamento de câncer por um engenheiro jornalista

Por Gustavo Watson

Ailton Antônio de Sousa Júnior, 34 anos, aluno de Comunicação Social habilitação em Jornalismo, cursa paralelamente um mestrado em Física, em análises de nanopartículas magnéticas no tratamento de câncer. Formado em Engenharia Elétrica pela Unicamp com intercâmbio em uma escola francesa, ele almeja seguir uma carreira acadêmica e jornalística focada em pesquisas.

Gustavo Watson: Quais motivos te levaram a escolher este mestrado?

Ailton Junior: Estou fazendo um mestrado na área de nanotecnologia. São nanopartículas magnéticas aplicadas no tratamento de diagnóstico de câncer e o que nós fazemos é pegar nanopartículas, que são pequenas esferas da ordem nano, um metro dividido por um milhão. Quando a gente trabalha com nanopartícula, estamos muito próximos destes sistemas de interesses que é a célula cancerosa. Por ela ser magnética, nos estudos que fazemos, injetamos estas nanopartículas magnéticas no tumor, colocamos um campo magnético externo alternado pela movimentação destas partículas que aquecem o tumor em uma temperatura que nós chamamos de hipertermia, que é uma temperatura que provoca desnaturação da célula por até 30 minutos no máximo, estes aquecimentos levam à morte as células cancerosas. E existe um efeito chamado de EPR, de deterioração passiva destas partículas se concentrando em células que detém as características de células cancerosas, deficientes. Elas, por exemplo, não têm espaço entre as junções, são maiores que as células normais e isso favorece o acúmulo destas nanopartículas naquela região. Então vai ser feita EPR das partículas magnéticas apenas na região do tumor e, quando você coloca um campo magnético externo, ele vai atuar somente na região cancerosa e matar as células. Comecei a fazer o meu mestrado com nanopartículas magnéticas, mas com revestimento de ouro, bolando um sistema dual, um sistema composto por propriedades magnéticas e com propriedades óticas que o ouro oferece, e ultimamente tenho estudado bastante este aspecto do ouro que está sendo mais utilizado como um agente de contraste em tomografia computadorizada e essas nanopartículas com esta dupla capacidade vão atuar tanto no diagnóstico quanto no tratamento do câncer por hipertermia.

GW: E quais são suas expectativas para esta área da Física no mercado de trabalho?

AJ: A minha expectativa é mais acadêmica mesmo, de pesquisa, me interessei pelo fato de ser aplicada na área da medicina que também me interessou bastante. Assim, no tratamento de câncer, que é algo que afeta a sociedade, se puder contribuir, é mais a expectativa acadêmica e de contribuição para a sociedade. Quanto ao mercado de trabalho, a minha expectativa é entrar por exemplo em um concurso acadêmico e talvez seguir esta área.

GW: Por que você optou por cursar, além de Física e Engenharia Elétrica, a Faculdade de Jornalismo? 

AJ: Quando prestei o vestibular pensei em prestar para jornalismo porque sempre gostei de português, de ler e acabou que o fato talvez de minha irmã já ter cursado engenharia - ela estava na Unicamp também - me influenciou. Ela contou que tinha várias oportunidades lá de intercâmbio, e eu também me interessava por sair do país e ter uma possibilidade de intercâmbio, gostava também da área de física e engenharia naquele momento seria uma boa escolha porque eu estaria formado e estabilizado financeiramente eu decidi seguir o sonho de fazer o jornalismo e depois decidi para que área seguir. 

GW: E como você acredita que o jornalismo te auxiliará nesta carreira científica?

AJ: Acho que mais na parte da comunicação. Se eu for seguir a carreira acadêmica, para dar aula, acho importante ter uma boa comunicação para passar aquele conhecimento para os alunos ou mesmo para a sociedade, também poderia atuar com jornalista científico nesta área. O principal é desenvolver esta parte comunicativa que em geral cientistas e engenheiros não têm tão desenvolvida. O foco é mais na parte técnica e menos na parte comunicativa que está sendo valorizada no mercado de trabalho.

GW: Quais foram as maiores dificuldades encontradas neste curso de comunicação social?

AJ: Aqui acho que não encontrei grandes dificuldades, somente a adaptação a um curso com características bem diferentes da física ou engenharia, só o processo de adaptação. São duas áreas que me interessam e eu gosto bastante, é um lado meu que eu queria desenvolver e agora estou desenvolvendo. (Agência de Notícias UFG)

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